MUSEU DO TRANSPORTE PÚBLICO GAETANO FEROLLA




O BONDE ELÉTRICO NA CIDADE DE SÃO PAULO - 100 anos





1852 - na cidade de Nova York, surge um novo tipo de transporte público tracionado pôr mulas, que consistia em uma gôndola, com oito bancos de quatro lugares, feita de madeira com rodas de ferro, que percorria trilhos assentados nas vias publicas. O veículo foi denominado Street Car, mais tarde passou a ser também denominado Tram Car e finalmente Tram.

No Brasil a primeira concessão de carris de ferro, data de 12 de março de 1856 (Largo do Bispo até a Gávea, com um ramal ao Cosme Velho). Portanto a utilização deste sistema de transporte no Brasil antecede em mais de uma década a países como Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Rússia e Bélgica.

Em 1872 surge a palavra bonde, sua origem se deve ao fato de que naquela época as passagens custavam 200 Reis, e não existiam moedas de prata deste valor em circulação. Em vista disso, a empresa emitiu pequenos cupons ou bilhetes em grupo de cinco, pelo preço de um mil reis, pois existiam grande quantidades de cédulas deste valor em circulação. Os bilhetes (ricamente ilustrados) impressos nos Estados Unidos, eram conhecidos como “Bonds” (Bônus, Ação). A própria empresa denominava bond os cupons, por entender que realmente representava o compromisso assumido de, em troca transportar o portador em um de seus veículos. Com o tempo o povo passou a denominar o próprio carril de ferro urbano como bond, designação que mais tarde se consagrou com o neologismo “bonde”.

A Cidade de São Paulo iniciou o uso de Bondes (tração animal) em 1872 (Lgo. do Carmo Estação da Luz). Obs. Em 1872 S. Paulo era a 10º Cidade do Brasil, abaixo de Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belem, Niteroi, Porto Alegre, Fortaleza, Cuiabá e São Luiz Do Maranhão.

De 1872 a 1900 (28 anos) as linhas de Bondes com tração animal da Cidade de São Paulo, operadas pela Cia., Viação Paulista atigiam 60 quilometros. No primeiro ano a Light construiu 56,3 quilometros.

Em 08-07-1897 Antonio Gualco e Augusto de Souza recebem do Governo, concessão para explorarem Bondes elétricos na cidade de São Paulo. A primeira linha construída em São Paulo, para o Bonde elétrico foi a linha da Penha. As obras foram iniciadas em 05-07-1899, com inauguração prevista para 04-07-1899 (Em nome de Gualco e Souza). Houve uma série de embargos por parte da Cia. Viação Paulista, e a construção da linha foi interrompida. Gualco e Souza desistiram do negócio, e venderam a concessão para a Light.

Para tracionar os Bondes era necessário eletricidade 550 volts corrente contínua, o que a cidade de São Paulo não tinha. Para tanto a Light iniciou imediatamente a construção de uma usina hidro-elétrica, na cidade de Santana do Parnaíba, a construção das linhas de transmissão de Alta-Tensão da Usina de Parnaíba para São Paulo (33 quilometros), e a construção das Sub-Estaçõe. Em 26-10-1899 inicia a construção das Sub-Estações subteraneas localizadas no Lgo. Do Tesouro, Lgo. São Bento, e Rua Direita.

Prevendo que a Usina Elétrica de Parnaíba, e a Estação Transformadora da Rua Paula Souza não seriam concluídas a tempo, em 18-07-1897 a Light encomendou duas Motores a Vapor conjugados com Dínamos de 225 Quilowatts cada um, duas caldeiras tubulares verticais sistema “Cahall”; e em 22-10-1899 começou a montagem desta usina elétrica movida a vapor na esquina de Rua São Caetano, com Rua Monsenhor de Andrade. Gerando 550 Volts, e 42 ciclos.

Em 13-12-1899, chegam ao Porto de Santos o material: Trilhos, Bondes, Rede Elétrica, Retificadores, isoladores etc para a construção das linhas dos Bondes.

Em fevereiro de 1900 a Light já tem montados nas oficinas da Rua Barão de Limeira. 6 dos 15 Bondes. São Bondes abertos de 9 bancos e 5 passageiros por banco, 10,2 metros de comprimento, Fabricados nos Estados Unidos por J. Brill, com dois trucks GE-58 equipados com motor de 35 cavalos de força cada truck.

Ás 12:00 horas do dia 07 de maio de 1900, foi inaugurada a Usina Elétrica a Vapor da Rua São Caetano, que havia sido conectada em carater provisório a rede de Parnaiba. Em seguida ás 14:00 horas Com a presença dos Dr. Rodrigues Alves (Diretor da Província), Dr. Domingos de Moraes (Vice-Diretor da Provincia), Dr. Antonio Prado (Prefeito) Dr. Robert Brown (Superintendente da Light) Vereadores, Personalidades, Imprensa e grande aglomeração popular ao longo dos trilhos, é inaugurada a linha de bondes da Barra-Funda, Na madrugada anterior tinham sido efetuados testes com os bondes circulando pelas ruas. A energia que impulsionava este bonde era gerada por dínamos acionados por motores à vapor em uma estação da Light na Rua São Caetano esquina com Rua Monsenhor de Andrade. O bonde teve o seguinte itinerário: Largo de São Bento, Rua Libero Badaró, Rua de São João, Rua do Seminário, Rua Sta. Ifigenia, General Osório, Alameda Barão de Limeira até o fim na Chácara do Carvalho, efetuando o retorno e voltando pelo mesmo caminho.

Após a inauguração os Bondes foram franqueados ao público. Em 17-07-1900 Foi inaugurado o Sistema de geração de energia da Estação Paula Souza (Rebaixava a Tensão de 2000 volts gerada em Santana do Parnaíba). Então foram desativadas as usinas a vapor.

68 anos mais tarde, em 27 de março de 1968, foi desativada a última linha de Bondes da Cidade de São Paulo: a Linha-101, o Bonde de Santo Amaro.





1899 - Plantas ilustrativas da 1ª Linha de Bondes que a The São Paulo Railway, Light and Power Ltda. envia ao Governo solicitando autorização para construir a 1ª linha de tramways elétricos da cidade de São Paulo. Fonte: "São Paulo Onde Está sua História", editado em 1981 pelo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriant.

Bonde 1543 no Largo 13 de Maio em 27 de março de 1976, a última viagem e a extinção dos serviços de Bondes na cidade de S. Paulo. Fonte: História dos Transportes Coletivos em São Paulo, Waldemar Correa Stiel

Anúncio da CMTC nos principais jornais de São Paulo. Fonte: História dos Transportes Coletivos em São Paulo, Waldemar Correa Stiel